quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Futebol, Xico e Romantismo

Graças a Tarrafa Literária pude espiar uma figura (que admiro) a falar sobre um assunto que adoro: Xico Sá (é a figura) e futebol (foi o assunto). Dele, ouvi (como sempre) poucas e boas, assim como de seus companheiros de mesa Matthew Shirts e o mediador Vladir Lemos. Juntos, eles nos fizeram entrar em campo – apesar de parecer mais uma discussão de bar - ou seja, coisa boa mesmo.
“Nunca o futebol vai dar certo no Brasil”, profetizou Graciliano Ramos. Errou feio, o pobre. Não só deu certo como virou a mais famosa “paixão nacional”. O futebol faz parte da cultura nacional e não existe nenhum preconceito a respeito. O futebol é o esporte da massa, da garra (essa, as vezes, duvidosa), do grito, do choro e da cantoria.
Por tudo isso é que não precisamos criar histórias sobre o assunto. Pois o assunto em si já faz sua própria história. “Cada um faz uma ficção diferente do mesmo jogo”, afirma Xico (com x) com razão. O futebol é tão fascinante que nem mesmo os torcedores de um único time enxergam o jogo igualmente (principalmente se um vê pela TV, o outro ouve no rádio e o outro está no estádio).
Outra defesa desse santista (torcedor) - com um pé no Icasa e outro no Sport - é a falta de tristeza de alguns torcedores no Brasil. “Acho lindo quando a torcida fica triste, muda. Com as torcidas organizadas não tem tristeza, eles mal vêem o jogo. Sou mais a favor da tristeza, nesse caso, do que a alegria burra”. Pensei bastante nisso. A torcida do Grêmio é linda cantando (inegável), mas a mudez também tem seu charme. Um estádio calado, depois de um gol perdido aos 45 do segundo tempo, mostra o humor de cada torcedor. Unifica todos eles.
A discussão mais boba desses três personagens foi com relação às mulheres e o futebol. Sei que ainda sou exceção. Sei que a maioria não gosta, não liga, não se preocupa com seu time e apenas diz que é torcedora - sem ter a menor ideia qual a classificação do time na tabela.
Por isso, tenho um recado: Meninos, isso não é verdade (ao menos, não absoluta). Tem um monte de mulher por aí (e conheço várias) que gosta de seu time, torce, vai ao estádio e (pasmem) assiste ao Cartão Verde, Troca de Passes, etc. A única coisa realmente certa é que a gente não carrega o sofrimento do jogo por muito tempo. Depois da derrota, aceitamos (facilmente) um beijo, um carinho, mais uma cerveja e aí... passamos a ter certeza de que tudo será melhor no próximo jogo. Esse é nosso romantismo dentro e fora de campo.

* Modos de Macho & Modinhas de Fêmeas. Xico Sá, Ed. Record.

* O dia em que me tornei... Santista. Vladir Lemos, Panda Books.

Um comentário:

  1. Puxa, Jujubs, adorei esse txt!
    Vc conseguiu descrever como é a a paixão da torcida feminina em poucas palavras! Amei!
    Posso indicar a um amigo, que tem um blog sobre futebol?

    bjkss

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