terça-feira, 18 de agosto de 2009

Acredite

Será que o amor está fadado a tristeza? Amar é sofrer? No dicionário essas não são palavras sinônimas (definitivamente). Na teoria o amor deveria vir entre sorrisos, felicidade, mãos dadas, pé na areia no final do dia, olhares cúmplices e beijos. Muitos beijos.
Mas não é assim. Para muitos autores, a paixão vem (sempre) acompanhada de lágrimas. E, pior, o ser apaixonado parece até gostar do sentimento ruim. A depressão, o choro contido, a espera ingrata está em toda angústia de quem ama. Que horror!
De verdade, histórias como Tristão e Isolda ou mesmo Romeo e Julieta são lindas nos livros, no cinema, nos palcos. Na vida real, não queremos nada daquilo. Nem o final trágico (principalmente), nem a vida como mocinhos tristes, esperando em sacadas ou atormentados pela família. Não dá.
Escrever sobre o amor virou uma infinidade de palavras dolorosas, profundas e cheias de peso. Em todo romance que se preze a gente chora. Emoção (sim) tem relação com amor (claro), mas será que apenas (e somente) sofrimento?
O ceticismo nos deixou tão cegos e sóbrios, que nos tornou também burros. A idade tem feito com que tenhamos a péssima mania de não acreditar mais em finais felizes. Começamos histórias sabendo que vão terminar - até esperamos por isso a qualquer minuto. Sim, sei que já escrevi sobre o fatalismo do fim, mas será mesmo que devemos pensar sempre assim?
O otimismo não deveria estar embutido no discurso de quem ama? Afinal, existem casais que nasceram uns para os outros, não? Poucos, é verdade. Raros? Sem dúvida. Mas, existem. São casais que amam e dançam juntos há mais de 15, 30, 45 anos e não se imaginam sem sua cara metade.
Se conseguirmos tirar a pedra que carregamos em nossos pés ou as amarras que vez ou outra prendem nosso grito de fuga, conseguiremos também acreditar. Acreditar que o amor pode durar. Que pode se aperfeiçoar ao longo do tempo e fazer com que nossos corações rejuvenesçam, cresçam e aprendam outro tipo de beleza: a eternidade.

* Romance de Tristão e Isolda. Joseph Bedier, WMF Martins Fontes.

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