sexta-feira, 10 de abril de 2009

Guerra sem estratégia

Ela era linda, sexy e problemática. Ele era lindo, inteligente e egocêntrico (como tantos, eu diria). O que era diferente nesse relacionamento? Ele estava para virar o presidente do país mais importante do mundo. Ela seria a loira mais lembrada da história (durante todas as décadas que viriam a seguir).
Os dois, hoje mortos, viveram um romance tórrido e triste. Um Romeu e Julieta às avessas, em que intrigas, investigações e espionagem rondavam suas vidas.
Kennedy era um homem charmoso e poderoso demais para passar sem deixar marcas. Encantou tanto que acabou morto injustamente. Tinha uma mulher linda, mas nutria a paixão pela loira de saia rodada. Quem poderia culpá-lo?
Marilyn tinha problemas. Ninfomaníaca, usuária de drogas... nada de bom nisso. Mas era também uma mulher apaixonada, como tantas que conhecemos. Nesse quesito, ela vira uma mulher comum – tirando o fato de ter tido coragem suficiente para cantar “parabéns a você”, com voz rouca e sensual, ao presidente dos Estados Unidos.
Sua dedicação e amor por um homem que não lhe deu nada – ou quase nada – era infinita. Mas, assim como ela, as mulheres têm essa particularidade. Temos essa ânsia de querer mais, de achar que merecemos mais e, ao mesmo tempo, acreditarmos (piamente) que podemos nos moldar àqueles que amamos – ou tentar moldá-los (a pior opção). O fato é que lutamos com isso (e por isso).
Somos incansáveis lutadoras. Lutamos contra eles (ou seria a favor?) e contra nós mesmas. Numa tentativa inútil de provar que é possível ser feliz com o outro, mesmo que não seja perfeito. Afinal, quem é perfeito? Ninguém, certo? Então, por que não lutar?
Pensamento não muito esperto, eu diria. Porque, em geral, perdemos. A guerra, no amor, não é tão estratégica e esquemática como a guerra dos homens – com armas, ataques e tanques. A nossa guerra é sentimental e problemática – assim como Marilyn.
Podemos não ser tão sexys ou lindas como ela foi, mas somos bem parecidas. Buscamos ganhar essa guerra usando apenas uma tática: amor. Por conta disso, perdemos a inteligência, a praticidade (que é típica masculina, mas seria bom ter um pouco, não?). Perdemos a noção. Mas, tentamos. Isso, ninguém vai negar. Tentamos de todos os jeitos. Insistimos, suplicamos e amamos, incondicionalmente.
Marilyn amou. Errou. Perdeu. Mas, assim como todas as mulheres do mundo, ela – ao menos – tentou.

* Marilyn e JFK. François Forestier. Ed. Objetiva.

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